Olhar de turista. Sabe quando viajamos para um lugar pela primeira vez? Ficamos entusiasmados, surpresos, deslumbrados! Queremos conhecer, descobrir tudo o que o lugar tem. Entramos em cada ruazinha que aparece, olhamos com curiosidade a fachada das casas. Sentimos os cheiros. Vemos as pessoas. Queremos saber das suas histórias. O que fazem no dia a dia. Estamos presente em cada momento.
Mas a cada dia que passamos nesse novo local, paramos de perceber essas mesmas coisas. Começamos a achar tudo igual, vemos as mesmas ruas, as mesmas pessoas, as mesmas casas, não sentimos mais os cheiros. É o lugar que perdeu a sua beleza ou nós que nos acostumamos e deixamos de notar? Passamos a viver no automático novamente, os pensamentos inundam a nossa mente. É um constante ir do passado para o futuro e vice, e versa.
Não fazemos por mal, a nossa mente é assim. Inquieta. Ela não para de trabalhar. Os pensamentos aparecem um atrás do outro, de forma constante. Estamos tomando café, mas nossa cabeça está a mil resolvendo os problemas do trabalho mesmo sem estarmos lá, pensando em como está o trânsito ou se vai chover no final do dia. Conversamos com as pessoas, mas antes mesmo de terminarem de falar já temos uma resposta e, muitas vezes, nem deixamos o outro concluir a frase para responder.
Quando não estamos focados no futuro, é o passado que assombra. Relembramos de algo que aconteceu e começamos a pensar que se tivéssemos feito diferente, qual seria o desfecho? Ficamos arrependidos de alguma atitude, às vezes tristes ou cheios de suposições, porque tudo poderia ser diferente agora.
Não percebemos que, na verdade só existe o presente, o aqui e agora. Vivemos sempre no automático. É aquele constante parar para olhar as horas no celular, desbloquear a tela e acessar todos os aplicativos, mas nem olhar as horas, ou se olhar, nem lembrar e ter que desbloquear o celular novamente. Vivemos em constante fuga. Quando estamos no trabalho queremos estar com quem amamos e desfrutar dos bons momentos, mas quando estamos com eles, só pensamos no que deixamos para resolver no trabalho.
Algumas tarefas realmente precisam ser executadas de forma automática, do contrário nosso cérebro não daria conta de realizar tudo o que precisamos no dia a dia. Imagina se toda vez que respirássemos fosse necessário pensar como realizar esse movimento, não sobreviveríamos.
Quando falo de estar presente é a nossa conexão com a presença, e desfrutar cada minuto do milagre da vida. É nos libertarmos do passado, dos ressentimentos, das frustrações e reconhecer o aprendizado que a situação vivida nos trouxe. Soltar o medo do que a vida nos reserva, parar de criar possíveis acontecimentos ou problemas para nos sentirmos os únicos capazes de resolvê-los. Eles nem aconteceram, como sabemos que será assim?
Como tudo na vida é treino. Também é possível treinar a nossa mente para conseguirmos estar presente em cada momento. Começamos dando toda nossa atenção ao que estamos fazendo, decidindo que vamos viver somente essa experiência nesse instante. Treinar nosso olhar de turista. Sentir os cheiros, ouvir os sons, saborear o gosto, perceber todas as sensações e sentimentos que o momento nos desperta. Estar consciente. Os pensamentos virão, porque a nossa mente não para de trabalhar, e é nesse momento que se deixar nos perderemos neles. Quando isso acontecer apenas os aceite, e deixe-os ir sem julgar e volte a se concentrar no momento.
Com o tempo conseguimos dirigir nossa atenção plena para o presente e viver cada momento com a alegria, o aprendizado e sem julgamento que ele nos traz. Nos sentindo menos arrependidos ou frustrados. Descobrimos uma paz e serenidade que sempre esteve dentro de nós. Percebemos que temos alegrias todos os dias na sua vida, sejam elas grandes ou pequenas, não somente quando viajamos. É ter o olhar de turista diariamente.
Assim é!
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